
Com o seu feixe iônico de alta energia, eles foram capazes de “quebrar” algumas das contas em partes para analisá-las. Eles investiram em técnicas de tomografia por sonda atômica, microscopia eletrônica de varredura e de transmissão, além de espectroscopia de raio-x por dispersão em energia para investigar, com detalhes, a superfície delas. E a sua composição revelou um pouco do passado da Lua.
As 74.001 contas de vidro contêm diversos depósitos de nanominerais, alguns que teriam se acumulado ainda em vapor. O principal composto encontrado foi esfalerita nano policristalina, ou seja, há resquícios de zinco, ferro e enxofre na superfície lunar. A análise dos resultados por meio de um modelo termoquímico aponta que esta seria a composição de gás vulcânico do satélite da Terra.
Tivemos estas amostras por 50 anos, mas agora temos a tecnologia para entendê-las completamente. Muitos destes instrumentos teriam sido inimagináveis quando as contas de vidro foram coletadas. Elas são algumas das mais incríveis amostras extraterrestres que temos. As contas são pequenas e imaculadas cápsulas do interior da Lua.
Ryan Ogliore, em comunicado à imprensa
Algumas das contas ainda seriam lava vulcânica que se solidificou instantaneamente no vácuo gelado que envolve a Lua. “A própria existência destas contas nos diz que a Lua tinha erupções explosivas, algo como as fontes de fogo que vemos no Havaí hoje”, afirmou ainda o professor Ryan Ogliore, da Universidade Washington.
Cores, formatos e composição química das contas apontam que o interior da Lua seria bem diferente de qualquer coisa encontrada na Terra. Por isso, os cientistas tiveram de tomar cuidados durante a análise —os minúsculos minerais na superfície do vidro poderiam reagir com o oxigênio e outros componentes da atmosfera terrestre —e extrair suas amostras das porções mais profundas das contas de vidro, além de mantê-las protegidas do contato com o ar. “Mesmo com as técnicas avançadas que usamos, foram medições bem difíceis de se fazer”, comentou Ogliore.
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