SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As agências de notícias AFP, AP, Reuters e a emissora britânica BBC lançaram nesta quinta-feira (24) um comunicado conjunto para pedir que Israel autorize a entrada e saída de jornalistas na Faixa de Gaza, devastada após 21 meses de guerra.
Israel impôs um bloqueio no território, restringindo a entrada de ajuda humanitária. “Os jornalistas já enfrentam privações e dificuldades extremas em zonas de conflito. Agora, estamos profundamente preocupados com o fato de que a fome ameaça sua sobrevivência”, afirma a declaração dos veículos.
Mais de cem ONGs de ajuda e direitos humanos divulgaram um comunicado na terça-feira (22) alertando que a “fome em massa” se espalha pelo território.
“Voltamos a instar as autoridades israelenses a permitir o acesso de jornalistas a Gaza. É essencial que alimentos cheguem em quantidade suficiente à população local”, segue o comunicado dos veículos de comunicação.
Eles afirmam que seus colaboradores têm enfrentado “crescentes dificuldades para alimentar suas famílias e a si mesmos”. “Esses jornalistas independentes têm sido os olhos e ouvidos do mundo em Gaza. Agora enfrentam as mesmas condições dramáticas da população que cobrem”, alertaram.
O comunicado ocorre três dias após a AFP afirmar que a vida de seus colaboradores palestinos em Gaza está em perigo diante da grave situação humanitária no território. A agência pediu que o governo israelense permita a retirada imediata desses profissionais de imprensa e de suas famílias.
Relatos de jornalistas em perigo têm se multiplicado nos últimos dias em Gaza. Eles dizem sofrer com fome extrema, falta de água potável e exaustão física e mental crescente, o que os obriga a reduzir a cobertura da guerra.
Depois de um bloqueio total a toda ajuda em Gaza, no final de maio Israel lançou um novo sistema de distribuição de suprimentos, operada pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG). A entidade utiliza empresas privadas de segurança e logística dos EUA para levar suprimentos.
As Nações Unidas rejeitaram o sistema por considerá-lo fundamentalmente perigoso e uma violação dos princípios da neutralidade humanitária. Israel diz que é necessário impedir que os terroristas do Hamas desviem a ajuda.
Enquanto a crise humanitária se agrava, o governo israelense informou nesta quinta que está analisando uma nova proposta do grupo terrorista Hamas para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns.
A facção palestina confirmou ter entregado um novo documento aos mediadores das negociações em Doha, no Qatar, mas não divulgou o seu conteúdo. A proposta anterior, submetida na noite de terça, foi considerada insuficiente pelos mediadores e nem sequer foi repassada a Israel, segundo autoridades familiarizadas com as conversas.
Ambos os lados estão sob intensa pressão interna e internacional para chegar a um acordo, mas há divergências persistentes.
Os ataques aéreos e terrestres israelenses continuaram a atingir a Faixa de Gaza apesar negociações e da alarmante situação humanitária. Nesta quinta-feira, forças israelenses atingiram as cidades de Nuseirat, Deir al-Balah e Bureij, no centro do território.
Segundo o hospital Al-Awda, três pessoas morreram em um bombardeio aéreo a uma casa em Nuseirat. Outras três após disparos de tanques em Deir Al-Balah. Em Bureij, ataques aéreos mataram um homem e uma mulher e deixaram vários feridos.
O hospital Nasser afirmou que três pessoas foram mortas a tiros por forças israelenses enquanto buscavam ajuda humanitária no sul de Gaza. Já o Exército israelense disse que terroristas dispararam um projétil contra um ponto de distribuição de comida.
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