O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (30) que será “muito difícil” firmar um novo acordo comercial com o Canadá após o anúncio de apoio canadense ao reconhecimento do Estado da Palestina.
“Acabaram de anunciar que apoiam um Estado palestino. Vai ser muito difícil para nós fecharmos um acordo comercial com eles. Ó Canadá!!!!”, escreveu Trump na plataforma Truth Social, da qual é proprietário.
O posicionamento do Canadá foi revelado pelo primeiro-ministro Mark Carney, que declarou a intenção de reconhecer oficialmente o Estado palestino durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, marcada para setembro. Segundo Carney, o objetivo é reacender a esperança na solução de dois Estados para o conflito israelo-palestino.
“É hora de mudar nossa política externa. O sofrimento humanitário causado por Israel em Gaza, os ataques de colonos na Cisjordânia e os planos de anexação do território palestino exigem uma resposta clara”, disse o premiê em coletiva de imprensa em Ottawa.
O anúncio do Canadá foi duramente criticado por Israel. Em nota, a embaixada israelense em Ottawa afirmou que a decisão “recompensa e legitima a barbárie do Hamas”, em referência ao ataque do grupo islamista em 7 de outubro de 2023.
A decisão do Canadá segue movimentos similares de outros países. Na semana passada, a França tornou-se o primeiro membro do G7 a sinalizar apoio ao reconhecimento palestino. O Reino Unido também indicou que pode seguir pelo mesmo caminho, caso Israel não anuncie cessar-fogo imediato em Gaza, garanta que não vai anexar a Cisjordânia e permita a entrada de ajuda humanitária.
Carney reconheceu que o Hamas rejeita a proposta de dois Estados, mas responsabilizou o governo israelense pela atual crise humanitária na região. Para ele, a abordagem diplomática adotada nas últimas décadas já não surte mais efeito.
Segundo dados da agência France-Presse, 142 dos 193 países-membros da ONU já reconhecem o Estado da Palestina. Entre os 27 membros da União Europeia, apenas cinco o fizeram: Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia e Suécia.
Na última terça-feira, a Conferência Internacional para a Solução de Dois Estados no Oriente Médio, realizada na sede da ONU, em Nova York, terminou com a publicação de uma declaração conjunta de apoio “inabalável” à criação de um Estado palestino independente, soberano e desmilitarizado ao lado de Israel.
O documento, intitulado “Declaração de Nova York”, também propõe um plano por fases para pôr fim à guerra em Gaza e ao histórico conflito entre israelenses e palestinos. Portugal foi um dos países signatários e indicou estar disposto a reconhecer oficialmente a Palestina, além de participar da reconstrução do território no “dia seguinte”.
Assinaram o texto representantes de países europeus como Andorra, Finlândia, França, Islândia, Irlanda, Luxemburgo, Malta, Noruega, Portugal, San Marino, Eslovênia e Espanha.
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