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Testemunha-chave em caso Odebrecht no Peru é encontrada morta em casa

O Ministério Público do Peru informou, nesta segunda-feira (30), que José Miguel Castro, ex-gerente da prefeitura de Lima e uma das principais testemunhas no julgamento por corrupção contra a ex-prefeita Susana Villarán, foi encontrado morto em casa no último domingo (29). Castro estava em prisão domiciliar em sua residência no bairro de Miraflores, na capital peruana. As causas da morte ainda não foram divulgadas.

Castro era uma das figuras centrais no processo judicial que acusa Villarán de ter recebido subornos das construtoras brasileiras Odebrecht e OAS durante seu mandato como prefeita de Lima, entre 2011 e 2014. Segundo o Ministério Público peruano, o julgamento estava previsto para começar em 23 de setembro de 2025. José Miguel Castro também seria julgado no mesmo processo.

O procurador anticorrupção José Domingo Pérez, responsável pelo caso, lamentou a morte do ex-funcionário. “Ele era a segunda pessoa mais importante atrás de Villarán. Contávamos com a sua preciosa contribuição para o julgamento”, declarou em entrevista ao canal de televisão N.

Villarán, de 75 anos, é acusada de chefiar uma organização criminosa que teria recebido mais de 10 milhões de dólares em propinas das empreiteiras Odebrecht e OAS. A ex-prefeita chegou a cumprir prisão preventiva, mas está em liberdade condicional desde maio de 2021. Em 2019, ela admitiu que as duas empresas financiaram, em 2013, uma campanha contra um processo de destituição iniciado por seus opositores. À época, estimou que os repasses somaram cerca de quatro milhões de dólares.

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Jorge Barata, ex-diretor da Odebrecht no Peru e um dos principais delatores do caso, afirmou que os pagamentos foram feitos por receio de que os contratos firmados com a prefeitura fossem cancelados se Villarán deixasse o cargo. O empresário assinou um acordo de colaboração com as autoridades peruanas e forneceu informações detalhadas sobre as operações da construtora no país.

A morte de Castro ocorre em um momento crucial para o caso, que envolve denúncias de corrupção com repercussões internacionais. As investigações sobre o esquema de pagamento de propinas revelaram conexões entre líderes políticos, empresários e grandes obras públicas em diversos países da América Latina.

No Brasil, o escândalo envolvendo a Odebrecht foi revelado a partir da Operação Lava Jato, iniciada em 2014 pela Polícia Federal. A empreiteira foi acusada de pagar bilhões de reais em propinas a políticos, partidos e funcionários públicos em troca de contratos com estatais, especialmente a Petrobras. O caso levou à condenação de dezenas de empresários e agentes públicos. Como parte de um acordo de leniência, a empresa reconheceu os crimes e apresentou delações premiadas que permitiram o avanço de investigações em outros países.

A Odebrecht reconheceu, junto ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, o pagamento de aproximadamente 788 milhões de dólares em propinas em cerca de dez países latino-americanos entre 2001 e 2016. No Peru, os valores somam pelo menos 29 milhões de dólares entre 2005 e 2014.

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