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Tarifaço de Trump também é recado sobre big techs

No entanto, à medida que as plataformas se tornaram parte do cotidiano das pessoas – e da própria cultura local -, muitas vezes exercendo um poder econômico sem precedentes, alguns países passaram a discutir a necessidade de buscar algum equilíbrio: leis de competitividade, responsabilização, regulação da IA, entre outras. O Brasil foi um desses grandes mercados que tentou se organizar diante do poder das big techs.

Nos últimos anos, algumas ações no país tiraram as big techs da zona de conforto, fazendo com que entrassem na batalha política. Quando o Brasil tentou aprovar o PL 2630 em 2023, as Big Techs colocaram todo o seu arsenal econômico, político e comunicacional para enterrar a proposta. O Google chegou até a colocar um link no site do seu buscador para um texto convencendo os usuários brasileiros que a internet ficaria pior caso a lei fosse aprovada.

Não preciso entrar no mérito sobre a adequação do PL 2630, mas uso esse exemplo para ilustrar como o simples fato de o Google escancarar uma mensagem de interesse próprio em um site que detém mais de 90% do mercado evidencia o poder que as big techs exercem sobre as sociedades de outros países.

O PL 2630 morreu, mas, de lá para cá, muitas coisas aconteceram. O governo federal passou a discutir medidas para taxar as big techs; o PL de regulação de IA foi aprovado no Senado; o debate sobre regulação de plataformas ganhou mais força. E o evento mais relevante aconteceu há algumas semanas, quando o STF decidiu que as plataformas digitais poderiam ser responsabilizadas por conteúdos ilegais, alterando o Marco Civil da Internet.

Outro fato relevante recente foi a Cúpula do Brics ter focado tanto na área de tecnologia, especialmente sobre a economia digital. O grupo defendeu abertamente o direito dos países em regular as big techs e ainda propôs uma colaboração para o desenvolvimento da IA aberta, o que fortaleceria empresas chinesas como DeepSeek e Alibaba.

Entre os países do Brics, o Brasil virou o foco do momento, não apenas por liderar a cúpula, mas por ser um em mercado digital estratégico, com potencial de influenciar outras nações emergentes a adotar regulações mais duras contra as empresas de tecnologia dos EUA. A carta de Trump tem muitas motivações políticas, mas é difícil ignorar que a defesa das big techs esteja entre elas.



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