O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, justificou nesta segunda-feira (30) a decisão do país de romper a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Segundo ele, a medida responde à “conduta injustificada, não construtiva e destrutiva” do diretor-geral da agência da ONU, Rafael Grossi.
“O governo, o Parlamento e o povo iraniano acreditam que o chefe da AIEA não agiu de maneira imparcial em relação ao nosso programa nuclear”, afirmou Pezeshkian, em comunicado divulgado por seu gabinete. A declaração foi feita durante uma conversa telefônica com o presidente da França, Emmanuel Macron, realizada no domingo à noite.
De acordo com a agência estatal iraniana IRNA, o líder iraniano acusou Grossi de ter apresentado “relatórios falsos” sobre o programa nuclear do país e criticou sua omissão diante dos recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas.
“Esse comportamento é absolutamente inaceitável para nós”, afirmou Pezeshkian.
Segundo Teerã, Israel lançou em 13 de junho uma ofensiva contra alvos militares e nucleares iranianos, matando cientistas e altos comandantes. O governo israelense alegou que o Irã estaria perto de fabricar uma bomba atômica — algo negado por Teerã, que afirma ter um programa nuclear voltado apenas para fins civis, como a produção de energia.
Oito dias depois, os Estados Unidos também realizaram ataques contra as centrais nucleares de Fordo, Natanz e Isfahan. O Irã declarou nesta segunda que essas ofensivas causaram mais de 900 mortes. Segundo Pezeshkian, os ataques ocorreram justamente quando o país participava de negociações com os EUA.
“É ainda mais lamentável que defensores dos direitos humanos e do direito internacional não tenham condenado esses atos desumanos e ilegais, preferindo justificar ações do regime sionista e dos Estados Unidos”, criticou o presidente iraniano.
Pezeshkian também questionou por que Israel, que não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), não está sujeito a inspeções e relatórios da AIEA, mesmo possuindo arsenal nuclear, ao contrário do Irã.
Ele reforçou que o país deseja resolver a crise por meios diplomáticos e cobrou que organizações internacionais, como a AIEA, atuem em prol da paz.
Ainda segundo a IRNA, Macron disse a Pezeshkian que a França foi um dos primeiros países a condenar os ataques ao Irã e defendeu que Teerã mantenha a cooperação com a AIEA.
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