As autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo grupo islâmico Hamas, elevaram hoje para mais de 60.400 o número de mortos, com 148.700 feridos desde o início da guerra.
Nas últimas 24 horas, 98 pessoas morreram e outras 1.079 ficaram feridas. Dessas, 39 morreram e 849 ficaram feridas pelas tropas israelenses enquanto tentavam obter ajuda humanitária durante operações realizadas pela Fundação Humanitária para Gaza (FHG), apoiada pelos Estados Unidos e por Israel.
Somente hoje, as autoridades de saúde palestinas relataram pelo menos 18 mortes em decorrência de ataques aéreos e disparos israelenses, sendo que 10 dessas vítimas foram registradas no centro e sul da Faixa de Gaza.
Entre os vários ataques reportados, as autoridades informaram que uma residência localizada entre as regiões de Zawaida e Deir al-Balah foi atingida, assim como tendas que abrigavam pessoas deslocadas.
O Hospital Nasser, que atendeu algumas das vítimas, informou que cinco palestinos foram mortos por forças israelenses enquanto aguardavam ajuda perto do recém-construído corredor de Morag, em Rafah, e entre as cidades de Rafah e Khan Younis.
Perto de um dos pontos de distribuição da FHG, Yahia Youssef — que havia saído em busca de ajuda pela manhã — descreveu uma cena de pânico, que, segundo ele, já se tornou comum.
Depois de ajudar a carregar três pessoas feridas por disparos, olhou ao redor e viu outras ensanguentadas no chão. “É o mesmo episódio de todo dia”, lamentou à agência Associated Press.
Questionada sobre os relatos de violência, a Fundação Humanitária para Gaza declarou que “nada [aconteceu] em seus locais ou nas proximidades”.
O episódio ocorreu um dia após autoridades dos Estados Unidos visitarem um dos pontos de distribuição de ajuda humanitária. O embaixador dos EUA em Israel, Mike Huckabee, chegou a classificar o processo como “um feito incrível”.
Segundo um relatório das Nações Unidas publicado na última quinta-feira, entre 27 de maio e 31 de julho, 859 pessoas foram mortas perto dos centros da FHG, além de centenas de vítimas fatais ao longo das rotas dos comboios de ajuda alimentar.
A FHG se defende afirmando que os seguranças armados usaram apenas gás de pimenta e disparos de advertência para evitar o risco de esmagamento nas multidões. Já as forças armadas israelenses dizem ter disparado apenas tiros de advertência contra pessoas que se aproximavam demais das suas tropas.
Por parte de Israel, o tenente-general Eyal Zamir, chefe das Forças Armadas, alertou que “os combates continuarão sem descanso” caso os reféns não sejam libertados.
Enquanto isso, em Tel Aviv, famílias realizaram protestos pedindo a libertação dos reféns e apelaram ao governo israelense para que chegue a um acordo que ponha fim à guerra. Isso aconteceu após o Hamas e a Jihad Islâmica — o segundo maior grupo militante em Gaza — divulgarem vídeos separados mostrando alguns dos reféns, o que gerou forte indignação entre os familiares.
Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos EUA, Donald Trump, participou do protesto, uma semana depois de abandonar as negociações de cessar-fogo. Ele culpou a intransigência do Hamas e prometeu encontrar outras formas de libertar os reféns e garantir a segurança em Gaza.
Dos 251 reféns sequestrados por militantes liderados pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, acredita-se que cerca de 20 ainda estejam vivos em Gaza.
Recentemente, vários países europeus anunciaram planos para se juntar à coalizão liderada pela Jordânia, que está organizando lançamentos aéreos de ajuda humanitária, embora a maioria reconheça que essa estratégia é insuficiente.
“Se há vontade política para permitir lançamentos aéreos — que são altamente caros, insuficientes e ineficazes — deveria haver a mesma vontade política para abrir as passagens por terra”, escreveu hoje Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para refugiados palestinos, na rede social X (antigo Twitter).
Durante muito tempo, as agências da ONU conseguiram entregar ajuda de forma segura, apesar das restrições impostas por Israel e dos ataques e saques ocasionais.
A ONU afirma que possui mecanismos para evitar qualquer desvio organizado de ajuda, mas Israel acusa o Hamas de se apropriar dos recursos — ainda que não tenha apresentado provas de desvios em larga escala.
Segundo o Hamas, sete pessoas morreram nas últimas 24 horas por causas relacionadas à subnutrição, incluindo uma criança, elevando para 93 o número total de crianças mortas por fome desde o início da guerra.
Leia Também: Ataques ucranianos com drones matam ao menos três na Rússia, diz agência
Deixe um comentário