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peça de Duvivier prega revolução que começa pela língua

Só essa ideia — de que podemos ouvir a luz — já desafia toda a lógica kantiana que organiza nossa visão de ciência e de ética.

Um dos aspectos mais inteligentes da peça é o jeito como ela lida com os palavrões. Em vez de usá-los como recurso óbvio para gerar identificação, já que é um atalho pra criar uma certa intimidade, a peça torna os termos chulos eruditos, históricos e datáveis, invertendo assim a relação entre cultura erudita e popular.

O ponto alto desse é quando chegamos ao “caralho” — uma palavra que, além de única na nossa língua, é única na comparação com outras línguas ao longo do tempo.

Contra o clássico da “excepcionalidade” da língua portuguesa, representado, quase sempre, pela palavra “saudade”, a peça traz algo bem mais amplo e sólido: a força simbólica do luar.

O mito do Sol e da Lua, tão presente nas culturas ameríndias das Américas, aparece como comunhão e rapto, irmandade e conflito. E sempre há um elo entre eles: uma flauta mágica, uma corda, um junco, um cachimbo de rapé ou ayahuasca.

Antes, “a revolução será poética”. Agora, talvez seja mais justo dizer que a sobrevivência começa pela poética e pela língua.



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