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Netanyahu descarta Autoridade Palestina em Gaza e se diz comprometido com plano de Trump

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (17) que “não haverá nem Hamas nem Autoridade Palestina” na Faixa de Gaza após a guerra e disse estar comprometido com o plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar os 2,4 milhões de habitantes do território palestino para o Egito e a Jordânia.

“Assim como me comprometi a, no dia seguinte à guerra em Gaza, não haver nem Hamas nem Autoridade Palestina, estou comprometido com o plano do presidente dos EUA, Trump, para a criação de uma Gaza diferente”, afirmou Bibi, como o premiê é chamado, sobre a proposta de transformar Gaza em um destino turístico de luxo sob o controle de Washington.

A declaração é uma referência indireta a relatos transmitidos na véspera pela emissora Sky News Arabia de que o grupo terrorista no poder em Gaza teria concordado em passar o território a seu rival, a Autoridade Palestina, após ser pressionado pelo Egito, onde ocorrem as mesas de negociação referentes ao conflito.

A Autoridade Palestina foi criada nos Acordos de Oslo, em 1993, para administrar temporariamente o território ocupado por Israel antes da criação de um Estado palestino independente -o que nunca se concretizou. Controlada pelo Fatah, que governa a Cisjordânia, a organização defende uma solução de dois Estados e exclui o Hamas, que governa a Faixa de Gaza desde 2006.

Desde o início do conflito, o premiê defende que a guerra termina apenas com a aniquilação do grupo terrorista. Antes de Trump mencionar a tomada de Gaza, Bibi já havia negado a presença da Autoridade Palestina no território no pós-guerra, mas, de forma privada, não descartava tal possibilidade, segundo o jornal Times of Israel.

À medida que a proposta do republicano ganha força, porém, Netanyahu parece ficar mais resistente à ideia de essa outra entidade palestina, mais moderada, gerir o território devastado por 15 meses de bombardeios israelenses.

Para concretizar o plano, o que configuraria limpeza étnica, segundo especialistas, Bibi precisa passar por cima de aliados na região. Um deles é a Arábia Saudita, que sediará na sexta (21) uma cúpula de vários países árabes para tentar apresentar uma resposta à iniciativa, que despertou indignação internacional.

A declaração ocorre após uma semana de tensão que quase colapsou o cessar-fogo entre Hamas e Israel, em vigor há um mês. Na segunda passada (10), o grupo terrorista afirmou que adiaria a devolução de reféns israelenses devido a supostas violações do acordo de cessar-fogo por parte de Israel -acusação que ambas as partes do conflito trocam desde o início da trégua.

Após os esforços dos mediadores Qatar e Egito, no entanto, a facção libertou no sábado (15) três reféns em troca de 369 prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses -a sexta troca desde o início do cessar-fogo, no dia 19 de janeiro.

Mas o acordo permanece frágil. Nesta segunda, o gabinete de segurança de Netanyahu deve se reunir para abordar a segunda fase da trégua.

Em Jerusalém, dezenas de familiares de reféns -retidos em Gaza há 500 dias nesta segunda- marcharam até o Parlamento, carregando as fotos de seus parentes e exigindo sua libertação. “Tenho os olhos queimados pelas lágrimas que derramo há 500 dias”, disse Einav Tzangauker, cujo filho foi sequestrado no kibutz Nir Oz. A mulher pediu que os deputados “façam todo o possível para trazer” de volta os reféns.

A primeira fase do cessar-fogo, negociada com a mediação de Qatar, Egito e EUA, permitiu até agora a libertação de 19 reféns israelenses e 1.134 palestinos. O acordo prevê que 33 reféns sejam libertados nessa etapa em troca de 1.900 prisioneiros palestinos.

A segunda fase deve permitir o retorno de todos os reféns e o fim definitivo da guerra, mas sua implementação é incerta porque as negociações ainda não começaram. A terceira e última etapa será dedicada à reconstrução da Faixa de Gaza, para a qual a ONU estima que serão necessários mais de US$ 53 bilhões (R$ 302,6 bilhões, na cotação desta segunda).

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