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Mortes após inundações no Texas vão a 111; 161 pessoas seguem desaparecidas

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As buscas de desaparecidos nas enchentes que devastaram o centro do Texas nos últimos dias continuaram nesta terça-feira (8), embora com menos esperança em encontrar sobreviventes da tragédia, que já matou 111 pessoas, segundo o jornal americano The New York Times.

Equipes de busca ainda enfrentam a possibilidade de mais chuvas e tempestades enquanto vasculham toneladas de escombros cobertos de lama três dias após uma chuva torrencial transformar o rio Guadalupe, no sul do estado, em uma violenta torrente de água em apenas alguns minutos.

De acordo com o governador do Texas, o republicano Greg Abbott, 161 pessoas ainda estão desaparecidas no condado de Kerr, o local mais atingido. “O principal trabalho agora é continuar a localizar todos que foram afetados por estas inundações. Não vamos parar até identificar e recuperar todo e qualquer corpo”, afirmou o governador.

Para se ter dimensão da tragédia no Texas, o número de óbitos se aproxima dos 183 que morreram durante as enchentes que destruíram o estado do Rio Grande do Sul em 2024.

A maioria dos mortos estava concentrada na região da cidade de Kerrville e no Camp Mystic, um acampamento cristão de verão para meninas com quase cem anos de história situado em uma faixa do Texas Hill Country, região conhecida como “corredor de enchentes relâmpago”.

Segundo o acampamento, ao menos 27 pessoas no local, incluindo monitoras e crianças, estavam entre os mortos. O número, no entanto, ainda pode aumentar, já que 5 meninas e 1 monitora ainda estavam desaparecidas, segundo o New York Times.

Richard Eastland, homem de 70 anos que era diretor do Mystic, morreu tentando salvar crianças, segundo veículos de comunicação locais. Ele e sua esposa, Tweety Eastland, são proprietários do acampamento desde 1974, de acordo com o site da instituição.

“Se ele não fosse morrer de causas naturais, esta seria a única outra maneira, salvando as meninas que ele tanto amava e cuidava”, escreveu o neto de Eastland, George, nas redes sociais.

O debate sobre a resposta à tragédia se intensificou desde o fim de semana. Há críticas em relação a como as autoridades estaduais e locais reagiram aos alertas meteorológicos que previam a possibilidade de uma enchente relâmpago e à falta de um sistema de sirene para alerta que poderia ter mitigado o desastre.

Na segunda, o vice-governador do Texas, Dan Patrick, prometeu que o estado iria instalar um sistema de alerta para enchentes relâmpagos em Kerrville até o próximo verão se os governos locais “não puderem arcar com isso”. “Deveria ter havido sirenes”, disse Patrick em entrevista à emissora Fox News. “Se tivéssemos sirenes aqui ao longo desta área, seria possível ter salvado algumas vidas.”

Segundo os jornais Houston Chronicle e The New York Times, autoridades do condado de Kerr haviam considerado instalar um sistema de alerta para inundação oito anos atrás, mas abandonaram o esforço por ser muito caro e após não conseguirem garantir financiamento ao projeto.

A tragédia reverberou no senador republicano Ted Cruz, do Texas. Ele enfrenta críticas porque estava de férias na Grécia no momento do desastre natural -fotografias compartilhadas nas redes sociais mostram o político visitando o Partenon, em Atenas, no sábado (5), sugerindo que ele pode ter mantido passeios no momento em que o número de mortos aumentava.

Seu gabinete não comentou a autenticidade das imagens, mas afirmou ter reservado “prontamente um voo” de volta. Ele chegou aos Estados Unidos na noite de domingo (6), o mais cedo que conseguiu.

Na segunda, previsões do Serviço Meteorológico Nacional previam que até mais 10 cm de chuva poderiam cair sobre a região Texas Hill Country, com áreas isoladas possivelmente recebendo até 25 cm.

Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.

Outro órgão ligado à ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática), já afirmou em relatório que hoje é inequívoco que parte dessas mudanças foi causada pela ação humana.

“Eventos desse tipo não são mais excepcionais em um mundo em aquecimento”, disse à agência de notícias Reuters Davide Faranda, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica. “A mudança climática carrega os dados para inundações mais frequentes e mais intensas.”

Leia Também: Irmãs morrem abraçadas em enchente no Texas; avós seguem desaparecidos

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