É difícil, se não impossível, encontrar uma cientista em atividade cujo trabalho contribua de forma mais decisiva para render dezenas de bilhões de dólares, todos os anos, ao Brasil.
Não se trata de exagero ou ufanismo. Quem assegura que a contribuição da pesquisadora Mariangela Hungria está neste patamar são os organizadores do Prêmio Mundial de Alimentação 2025, com sede em Iowa, nos Estados Unidos.
Ao anunciar a laureada deste ano, os americanos escreveram: “Estima-se que seus produtos tenham sido usados em mais de 40 milhões de hectares no Brasil, gerando aos agricultores uma economia de até US$ 40 bilhões por ano em custos de insumos, além de evitar a emissão de mais de 180 milhões de toneladas métricas de CO2 equivalente por ano”.
Mariangela Hungria, promotora das “bactérias do bem”
Mariângela Hungria nasceu em Itapetininga, São Paulo, e é microbiologista de carreira da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Atualmente faz pesquisas e experimentos na Embrapa Soja, em Londrina.
A técnica aprimorada por Mariangela ao longo da carreira – inoculação de bactérias na raiz das plantas para ajudar a extrair nitrogênio do solo – impulsionou a produtividade de soja, trigo, milho, arroz, feijão e outras culturas importantes. Após quatro décadas de pesquisas aplicadas com as “bactérias do bem”, a produção nacional de soja aumentou de 15 milhões de toneladas em 1979 para mais de 170 milhões na próxima safra. Quando Mariangela começou havia poucas pesquisas sobre microbiologia como solução para a fertilidade do solo.
Sem o trabalho de Mariângela, o país gastaria dezenas de bilhões de dólares com importações de ureia e outros fertilizantes nitrogenados, enriquecendo pessoas de outros países.
Líder mundial em biológicos
O alto nível de adesão dos agricultores brasileiros à técnica de fixação de nitrogênio, e outras soluções com base em ativos da biologia, fazem do país atualmente o líder mundial no uso de produtos biológicos na agricultura.
Num tempo em que muita gente reivindica créditos no combate à fome, a cientista Mariângela Hungria está numa categoria hors concours. Um exemplo inspirador que desafia o “complexo de vira-lata” dos brasileiros e mantém cifras bilionárias na economia nacional.
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