Resolvi investigar, a partir da história econômica, o que aconteceu com o mercado em outras bolhas. Embora eu tenha um pé atrás com comparações diretas entre tecnologias e acredite que o futuro não seja uma simples extrapolação do passado, gosto de revisitar a história não para buscar respostas prontas, mas para identificar padrões e possibilidades.
Foi assim que encontrei o estudo “Two Centuries of Innovations and Stock Market Bubbles”, publicado no periódico Marketing Science. O trabalho usou uma metodologia robusta que combina história econômica, análise financeira, estatística econométrica e dados textuais para investigar como grandes inovações geram bolhas ao longo de 200 anos.
Os autores mapearam 51 inovações radicais descritas na literatura econômica entre 1825 até 2000, que compreendem tecnologias como ferrovia, telégrafo, avião, rádio, internet, smartphone, entre outras. Para cada uma, os autores identificaram as empresas que comercializavam essas tecnologias e tinham ações negociadas durante o período.
Eles observaram que 73% das inovações analisadas produziram algum comportamento de bolhas nos preços das ações das empresas envolvidas. E essas bolhas tendiam a ser maiores quando a tecnologia apresentava três principais características:
- alto grau de radicalidade (mudanças disruptivas na tecnologia e no benefício ao consumidor);
- forte potencial de efeitos de rede indiretos (ex.: plataformas, tecnologias que puxam ecossistemas);
- alta visibilidade pública na época do lançamento.
O ponto importante do estudo, no entanto, foi entender o que acontece após o estouro da bolha. Ele nos mostra que, apesar do impacto no mercado, as empresas apresentam retorno agregado. Ou seja, no balanço final, o valor gerado pelas tecnologias continua crescendo.











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