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Diretor deixa fundação dos EUA em Gaza por falta de neutralidade

O diretor executivo da recém-criada Fundação Humanitária de Gaza (GHF), Jake Wood, anunciou sua renúncia “com efeito imediato” neste domingo (26), alegando que não é possível operar no território respeitando plenamente os princípios internacionais de ajuda humanitária. A fundação, sediada em Genebra e com apoio dos Estados Unidos, foi criada para coordenar a distribuição de alimentos na Faixa de Gaza, fortemente atingida pelo conflito entre Israel e o grupo Hamas.

Em comunicado, Wood afirmou que “não acredita ser viável implementar o plano da organização de forma compatível com os princípios de humanidade, neutralidade, imparcialidade e independência”. O executivo, que já atuou em missões de ajuda humanitária, disse ter aceitado o posto com a intenção de mitigar a crise alimentar que assola o enclave palestino, mas reconheceu que os desafios práticos e éticos são intransponíveis nas condições atuais.

Desde sua criação, a GHF enfrentou críticas severas por parte da Organização das Nações Unidas (ONU) e de diversas organizações não-governamentais, que se recusaram a colaborar com a fundação. As entidades acusam a GHF de operar sem neutralidade e de colaborar com o governo de Israel. A ONG suíça Trial International, inclusive, solicitou às autoridades locais a abertura de um inquérito administrativo para investigar o uso de empresas de segurança privadas no transporte dos alimentos.

A fundação havia anunciado, em 14 de maio, a meta de distribuir cerca de 300 milhões de refeições em 90 dias. Agora, com a saída de seu principal dirigente, o futuro da iniciativa é incerto.

Enquanto isso, a crise humanitária em Gaza se intensifica. Desde a retomada da ofensiva israelense em meados de março, após uma trégua de dois meses, os ataques se concentraram em áreas densamente povoadas. O objetivo declarado de Israel é eliminar o Hamas, resgatar reféns e controlar o território. Segundo o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, mais de 53 mil palestinos, a maioria civis, morreram desde o início da ofensiva, número que é considerado confiável pela ONU.

O conflito teve início em 7 de outubro de 2023, com o ataque do Hamas a território israelense, que deixou 1.218 mortos, em sua maioria civis. Segundo dados israelenses, 57 reféns ainda permanecem sob poder do grupo, dos quais pelo menos 34 já teriam morrido.

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