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data centers encaram 3 dilemas

Os cinco data center, dos quais um é do TikTok, aprovados no Ceará são exemplos bem acabados dessa dinâmica, diz Júlia. Os projetos serão construídos em zonas de estresse hídrico (Caucaia entrou em situação de emergência devido à seca em 16 dos últimos 21 anos) e, devido à configuração das ZPEs, irão apenas exportar serviços de processamento de dados. A crítica também se estende ao Redata, porque os beneficiados pela isenção tributária são obrigados a destinar apenas 10% da capacidade ao processamento local de dados -ir além é algo facultativo.

Tossi, da ABDC, admite que o Brasil virou alvo preferencial para a instalação de data centers devido ao seu potencial energético. “O mundo vive momento que a gente procura atrair para cá em forma de investimentos, porque o Brasil tem dois insumos principais que o mercado global pede: energia elétrica disponível e renovável. (…) É o que as big techs buscam, porque elas têm meta de atendimento ao Acordo de Paris. Além disso, a energia aqui tem preço relativamente competitivo quando comparada aos Estados Unidos.”

Mas, para ele, ter data centers no Brasil, ainda que para atender as necessidades de grandes empresas de tecnologia, não é um problema. E isso ocorre por dois motivos:

  • 1) Escoaria o potencial de energia gerada, mas não utilizada, o que dinamizaria os mercados energético, de construção e de equipamentos. “O mercado de energia tem um volume gigantesco de outorga para construir novos parques, solar e eólico, e está parado porque não tem consumidor. Hoje o sistema de o sistema de energia sofre um ‘curtailment’ (redução forçada ou interrupção da geração) porque não tem para quem entregar.”
  • 2) Evitaria que energia não renovável fosse usada em outros lugares do mundo. “Se esse data center for construído no exterior, ele vai usar energia suja – se for nos EUA, 77% da energia será assim. Então, para o mundo o que que é melhor? [Vir para o Brasil] porque a gente fornece energia limpa para [processar] esses dados ou [o data center] ser instalado em outro país, onde vamos sujar o mundo com energia suja e ainda não vai trazer nenhuma riqueza para o Brasil?”

Já o consumo hídrico dos data centers, diz Tossi, existe, é intenso, mas não na dimensão criticada por organizações como o Idec. Ele argumenta que o Brasil utiliza tecnologias de circuito fechado (a água não evapora nem precisa de reposição constante), ao contrário de torres de resfriamento antigas. “É igualzinho ao radiador de um carro. Você enche com o líquido, uma mistura de água com alguns outros aditivos, e ele vai ficar lá fechado o resto da vida. Só precisa repor a água se tiver um vazamento”, diz ele.

No entanto, o impacto ambiental exige não só metas de eficiência, mas uma transformação econômica, diz Júlia, do Idec.



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