Um navio de guerra chinês disparou um laser contra uma aeronave da Otan em um episódio tenso no Chifre da África, segundo autoridades da Alemanha. O incidente ocorreu em Djibuti — único país no mundo que abriga simultaneamente bases militares dos Estados Unidos e da China.
De acordo com relatórios divulgados pelo The Sun, o laser foi disparado por uma fragata chinesa contra uma aeronave alemã não identificada. O governo da Alemanha reagiu com indignação, convocando o embaixador chinês em Berlim para uma dura repreensão diplomática, diante do temor de que um erro de cálculo militar possa desencadear um conflito de maiores proporções.
“Foi um ato totalmente inaceitável que colocou em risco a vida dos nossos aviadores”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, acrescentando que o ataque comprometeu diretamente uma aeronave envolvida na operação europeia Aspides, criada para proteger embarcações que transitam pelo Mar Vermelho.
A aeronave teve que interromper sua missão e retornar à base em Djibuti. “O embaixador da China foi convocado hoje ao Ministério das Relações Exteriores”, confirmou a chancelaria alemã em nota.
Ainda de acordo com o The Sun, a Operação Aspides foi lançada pela União Europeia no início de 2024, como resposta aos ataques dos rebeldes Houthis, do Iêmen, a navios comerciais internacionais.
Nesta terça-feira (8), forças marítimas do Reino Unido informaram que um cargueiro com bandeira da Libéria, de propriedade grega, chamado Eternity C, estava cercado por embarcações pequenas e sendo atacado continuamente. Duas pessoas estariam desaparecidas e outras duas feridas. Embora os Houthis não tenham reivindicado a ação, tanto o governo exilado do Iêmen quanto forças da UE atribuem o ataque ao grupo rebelde.
No domingo, Israel lançou uma série de bombardeios contra o Galaxy Leader, um navio cargueiro britânico sequestrado pelos Houthis em novembro de 2023. O grupo terrorista havia invadido a embarcação com uso de helicóptero e a usava como símbolo de propaganda, chegando a permitir visitas de influenciadores iemenitas ao navio.
Segundo as Forças de Defesa de Israel (IDF), o ataque ao Galaxy Leader envolveu cerca de 50 mísseis e bombas. O navio pertence a uma empresa britânica parcialmente controlada pelo magnata israelense Abraham Ungar.
Ainda não está claro se o laser disparado pelo navio chinês era uma arma ou parte de um sistema de orientação. A Alemanha possui um helicóptero Sea Lynx embarcado em uma de suas fragatas na região.
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China envia aviões de guerra a Taiwan na véspera de exercício militar
Cerca de 20 aeronaves militares chinesas sobrevoaram nesta terça-feira (8) os arredores de Taiwan, segundo autoridades da ilha. A movimentação ocorre um dia antes do início das manobras anuais do Exército taiwanês, conhecidas como Han Kuang.
Em comunicado, o Ministério da Defesa de Taiwan informou que, a partir das 7h30 (horário local), foram detectadas incursões sucessivas de 20 aviões chineses, incluindo caças J-16, aeronaves de alerta antecipado KJ-500 e drones.
Do total, 13 cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan e entraram na zona de identificação de defesa aérea da ilha, nas regiões norte, central e sudoeste.
Segundo o governo taiwanês, as operações, coordenadas com navios militares da China, foram realizadas sob o pretexto de “patrulhas conjuntas de prontidão para combate”, com o objetivo de intimidar as áreas marítimas e aéreas próximas de Taiwan.
Os movimentos ocorrem às vésperas do exercício Han Kuang, que testa a capacidade de defesa da ilha diante de uma possível invasão da China — que considera Taiwan uma província rebelde desde 1949 e parte inalienável de seu território.
Na semana passada, o presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, alertou que “a ameaça militar da China continua crescendo” e afirmou que o objetivo de Pequim é “dominar o Pacífico Ocidental e enfraquecer a ordem internacional baseada em regras”.
“Se a China conseguir anexar Taiwan, não vai parar por aí. Isso lhe daria ainda mais poder para expandir sua influência na região de forma agressiva. Taiwan jamais iniciará uma guerra, mas defenderá sua soberania, a paz regional e o status quo”, declarou Lai.
Em resposta, o porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan do governo chinês, Chen Binhua, classificou o presidente taiwanês como “belicista” e “sabotador da paz”. Segundo ele, Lai estaria exagerando a ameaça militar do continente para esconder sua “agenda separatista”.
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