Funcionários da Casa Branca têm demonstrado crescente insatisfação com a conduta do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em meio à escalada de violência no Oriente Médio. Segundo fontes ouvidas pela agência Axios, as ações de Israel têm causado preocupação entre assessores próximos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por dificultarem os esforços diplomáticos de Washington na região.
“Bibi agiu como um louco. Bombardeia tudo o tempo todo”, disse um membro do governo norte-americano, usando o apelido pelo qual Netanyahu é conhecido. “Isso pode minar o que Trump está tentando construir”, completou, em referência a ataques israelenses contra forças sírias que se dirigiam ao sul do país — área que tem sido palco de violentos confrontos na província de Al-Suwayda.
A tensão se agravou após um ataque israelense atingir uma paróquia católica em Gaza, matando três pessoas. Mais de 400 civis deslocados — entre eles crianças e pessoas com deficiência — estavam abrigados no local. A ofensiva foi duramente condenada pela comunidade internacional e, neste domingo (20), pelo Papa Leão XIV. “Não há justificativa para punição coletiva, uso indiscriminado da força ou deslocamento forçado de civis”, afirmou o pontífice, pedindo o “fim imediato da barbárie” na Faixa de Gaza.
Diante da pressão, Netanyahu declarou publicamente, dias após o ocorrido, que “lamenta profundamente” o ataque à igreja, classificando as mortes como uma “tragédia”.
Apesar do silêncio público sobre os bombardeios de Israel na Síria, o presidente Trump teria cobrado Netanyahu por telefone, exigindo uma manifestação formal de pesar — o que foi atendido após certo tempo, segundo fontes da imprensa internacional.
Outro alto funcionário dos EUA, ouvido pelo The Times of Israel, afirmou que cresce o ceticismo interno em relação às decisões de Netanyahu. “Ele às vezes se comporta como uma criança”, disse. Ainda não está claro se esse desconforto já alcança o presidente norte-americano, mas não seria a primeira vez que Trump demonstra descontentamento com o premiê israelense.
Israel justifica os ataques à Síria como uma forma de proteger os drusos, minoria religiosa presente em regiões sírias, libanesas e israelenses. Os drusos seguem uma fé de origem abraâmica com influências do judaísmo e do cristianismo, e têm hábitos culturais árabes. A maioria dos cerca de um milhão de drusos no mundo vive na Síria, e muitos residem também nos Montes Golã, território sírio ocupado por Israel desde 1967.
Desde a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro, surgiram temores quanto ao futuro das minorias sob o novo governo de transição sírio, liderado por Ahmad al-Sharaa, ex-líder rebelde islamista.
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