Internacional

Brics deve promover nova ordem mundial, defende chanceler brasileiro

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, abriu nesta terça-feira (25) a primeira reunião de 2025 das lideranças diplomáticas do Brics, em Brasília, destacando que, em um mundo convulsionado por crises e tensões geopolíticas, o bloco de potências emergentes deve promover nova ordem mundial.

“Neste cenário em evolução, o Brics tem um papel crucial a desempenhar na promoção de uma ordem mundial mais justa, inclusiva e sustentável. Um mundo multipolar não é apenas uma realidade emergente. É um objetivo compartilhado”, defendeu o chanceler brasileiro. 

Mauro Vieira destacou que o bloco incorpora as aspirações do Sul Global, e defendeu as pautas históricas da organização, como a promoção de mecanismos financeiros alternativos; a reforma das instituições multilaterais de governança global e a expansão do uso de moedas locais.

A primeira reunião dos Sherpas do Brics, diplomatas que lideram as delegações de cada país nas negociações, segue até esta quarta-feira (26).


Brasília (DF) 25/02/2025 O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o  sherpa do Brasil no BRICS, embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, participam da primeira reunião de sherpas do BRICS sob a presidência brasileira   Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 25/02/2025 O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o  sherpa do Brasil no BRICS, embaixador Mauricio Carvalho Lyrio, participam da primeira reunião de sherpas do BRICS sob a presidência brasileira   Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, preside a primeira reunião do Brics em 2025 sob a presidência brasileira – Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Mauro Vieira avaliou que os princípios do multilateralismo – que é a cooperação de vários países para atingir um objetivo comum – estão sendo testados pela nova conjuntura internacional e que instituições de longa data, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), lutam para se adaptar às mudanças recentes na política e economia global.

“As necessidades humanitárias estão crescendo, mas a resposta internacional continua fragmentada e, às vezes, insuficiente. Se quisermos enfrentar esses desafios, precisamos defender uma reforma abrangente da arquitetura de segurança global”, afirmou Mauro Vieira.

O chanceler lembrou que hoje o Brics representa quase metade da população global, tem 39% do Produto Interno Bruto (soma dos bens e serviços produzidos, PIB) do planeta e é responsável por 50% da produção de energia no mundo

“Este grupo do Sul Global e nosso papel na formação no futuro nunca foram tão significativos. A recente expansão do Brics de cinco para 11 membros foi um grande desenvolvimento”, completou

Inteligência artificial

A agenda do Brics este ano, sob a presidência brasileira, tem promovido a necessidade de se construir uma governança global da inteligência artificial (IA), que evite que a ferramenta seja usada para ampliar as desigualdades no mundo.

“[A IA] não pode ser ditada por um punhado de atores enquanto o resto do mundo é forçado a se adaptar a regras que eles não tiveram papel na formação. Devemos defender uma abordagem multilateral, que garanta que o desenvolvimento da inteligência artificial seja ético, transparente e alinhado com o interesse coletivo da humanidade”, defendeu Mauro Vieira.

Comércio e clima

Outra prioridade citada pelo ministro Mauro Vieira, na presidência brasileira do bloco, é o fortalecimento do comércio entre seus membros para “aumentar os fluxos comerciais, explorando medidas de facilitação do comércio e estimulando instrumentos de pagamento em moedas locais”.

O chanceler brasileiro criticou a falta de financiamento para a adaptação e mitigação das mudanças climáticas nos países do Sul Global. “A justiça climática deve estar no centro das discussões internacionais, garantindo que as nações em desenvolvimento tenham a autonomia e os recursos necessários para fazer a transição para economias de baixo carbono sem sacrificar suas metas de desenvolvimento”, ponderou.

Presidência brasileira

O Brasil assumiu a presidência do Brics neste ano em meio à expansão do bloco, que passou a ter a Indonésia como membro permanente, além de outros nove membros parceiros.

O governo brasileiro elencou seis prioridades para as discussões do grupo: 

  • Cooperação Global em Saúde
  • Comércio, Investimento e Finanças 
  • Combate às Mudanças Climáticas 
  • Governança de Inteligência Artificial 
  • Reforma do Sistema Multilateral de Paz e Segurança
  • Desenvolvimento Institucional do Brics.

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