(FOLHAPRESS) – Enquanto não vence o ultimato de Donald Trump a Vladimir Putin para chegar a uma trégua na Guerra da Ucrânia, o conflito teve um de suas noites mais intensas de ataques aéreos de lado a lado nesta segunda (21).
As forças russas lançaram um mega-ataque com 426 drones e 24 mísseis contra o país vizinho, matando 2 pessoas e ferindo outras 15, além de provocar danos extensos em várias regiões.
Em Kiev, centenas de pessoas que procuraram abrigo à noite na estação de metrô Lukianivska, no centro da cidade, viveram cenas de terror quando um drone russo atingiu a entrada do local, que ficou cheio de fumaça e detritos.
Os moradores foram obrigados a sair à rua com o ataque aéreo em andamento. Incêndios atingiram pelo menos quatro distritos da cidade. Segundo o presidente Volodimir Zelenski, foram atingidos prédios residenciais e um jardim de infância.
As forças ucranianas disseram ter abatido os 24 mísseis, incluindo 5 modelos hipersônicos Kinjal, e 403 drones. Ainda assim, o estrago em solo foi grande.
Na mão contrária, Kiev lançou centenas de drones de longa distância contra alvos na Rússia. O Ministério da Defesa de Putin disse ter derrubado 117 deles, embora nunca dê os números totais disparados.
A ação, uma das maiores dos últimos tempos, provocou caos aéreo em Moscou, cidade que tem quatro aeroportos principais. No mais movimentado deles, Cheremtievo, passageiros passaram parte da noite dormindo em bancos e no chão, enquanto filas se acumulavam devido ao cancelamento de voos.
No terminal, ao menos 170 voos foram cancelados nesta segunda. Ao todos, desde a sexta (18) foram cerca de mil cancelamentos lá e nos outros aeroportos da capital, em plena temporada de turismo russa.
A Aeroflot, principal empresa aérea do país, forneceu passagens de trem para os passageiros que estavam em São Petersburgo para voltar a Moscou. Um voo entre as duas maiores cidades russa leva cerca de uma hora e meia, enquanto há opções férreas de alta velocidade que duram cerca de 4 horas e, outras, mais lentas, de até 8 horas.
O conflito se desenrola enquanto é contado o prazo dado por Trump a Putin, que vence em setembro. Nesta segunda, o Kremlin voltou a dizer que está disposto a negociar com a Ucrânia, mas apontou dificuldades.
“Os memorandos [com as propostas de lado a lado para a paz] são diametralmente opostos”, disse o porta-voz Dmitri Peskov.
Se Putin não aceitar uma trégua, Trump disse que aplicará sanções à Rússia e, principalmente, a países que compram petróleo do país -o que afeta diretamente China, Índia e Brasil, que importa 60% do óleo diesel que consome dos russos.
Nesta segunda, o secretário de Comércio americano, Scott Bessent, disse que no caso de as sobretaxas de importação serem aplicadas, Washington espera que os governos europeus façam o mesmo.
Após uma aproximação com Putin que alienou os aliados do clube militar da Otan, Trump mudou sua orientação na semana passada, dizendo-se frustrado com a falta de empenho do russo nas negociações.
Até aqui, tudo indica que Moscou seguirá com a guerra em alta intensidade, até pelos avanços que tem feito não só nas 3 de 4 regiões anexadas que não controla totalmente, mas também em 3 áreas que não constam de sua lista de desejos entregue a Kiev.
Trump, por sua vez, acertou com europeus um esquema para acelerar o envio de defesas antiaéreas a Kiev, mas o processo é lento -podendo levar mais tempo para uma bateria Patriot chegar aos ucranianos do que o ultimato a Putin expirar.
Deixe um comentário