Em novo episódio de Deu Tilt, o podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Gomes comparou o fenômeno ao brasileiro “Lulu”, febre em 2013. O antigo app também era voltado para avaliações masculinas, mas se restringia a notas de atributos como aparência ou qualidade do beijo.
Para Bianca Kremer, pesquisadora da FGV-Rio e integrante do Comitê Gestor da Internet, o TEA nasceu de uma necessidade legítima: reforçar a segurança das mulheres. Porém, se fosse lançado no Brasil, enfrentaria entraves jurídicos. Isso porque a divulgação de informações potencialmente ofensivas pode ser enquadrada como difamação, prevista no artigo 139 do Código Penal.
A difamação é diferente da calúnia. Mesmo informações verdadeiras podem ser ofensivas à honra e reputação. Já a calúnia ocorre quando são informações falsas. Nos EUA, estamos vendo uma série de ações de difamação pleiteadas por homens que alegam esse tipo de violência contra eles Bianca Kremer, pesquisadora
O TEA sofreu um baque com o vazamento de dados sensíveis, incluindo selfies usadas na autenticação de perfis. Bianca destaca que, embora a biometria seja considerada segura, o ecossistema de proteção ainda é frágil. No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados, de 2018) classifica biometria como dado sensível e estabelece regras rígidas de uso.
“Quando uma biometria vaza, não há como substituí-la. Uma vez exposta, ela fica eternamente comprometida”, alerta Bianca.
Para Gomes, o caso expõe um risco crescente: “Os homens que têm a avaliação exposta, a identidade não é protegida. Vazar esse tipo de app é algo que vamos ver cada vez mais. Agora é avaliação de homens, mas isso pode caminhar para outros tipos de avaliação.”
Entre o hype e o risco, o TEA já virou símbolo de um dilema contemporâneo: até onde vai a busca por segurança e onde começa a ameaça à privacidade.
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