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Brasileira relata tentativa de estupro após TAP a hospedar com estranho

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Uma brasileira de 30 anos afirma ter sofrido uma tentativa de estupro após um voo da TAP ser cancelado e a empresa disponibilizar um quarto compartilhado com um homem desconhecido. Ela abriu uma ação contra a companhia área. TAP diz que não faz parte das normas da empresa a oferta de quartos compartilhados e que aguarda investigações locais para entender o que ocorreu.

Brasileira viajava de Paris para Lisboa no dia 31 de maio. Voo estava programado para sair às 21h, mas após uma sucessão de atrasos, foi cancelado. Os passageiros já se encontravam na aeronave quando receberam a notícia, diz a brasileira.

“Estava bem cansada e eles pediram para procurar o balcão da TAP para pegar um voucher de hotel. Acabei ficando em um dos últimos lugares da fila até que uma funcionária avisou que não teriam quartos suficientes para todo mundo. Na ocasião, eu exigi um quarto só pra mim, mas ela falou que não teria essa opção, que a alternativa seria eu procurar por conta própria. Só que estava em uma cidade onde tudo é muito caro, que eu não tinha a intenção de ficar. Na pressão do momento, todo mundo aceitou, ainda que estivessem indignados. E eu acabei caindo em um quarto com um homem brasileiro, que em um primeiro momento parecia amigável, e uma outra passageira alemã”, afirma a passageira do voo da TAP à reportagem.

Brasileira acordou com homem em cima dela. Os passageiros chegaram no hotel durante a madrugada. Segundo a brasileira, a alemã deixou um bilhete avisando que não estava conseguindo dormir e que retornaria ao aeroporto. “Espero vê-los no aeroporto. Se não, foi um prazer conhecê-los.” Ainda durante a madrugada, o homem tentou estuprá-la.

“Acordei por volta das 5h da manhã com ele em cima de mim, sem roupa, me beijando. Foi um susto. Demorei para entender o que estava acontecendo. Gritei e ele saiu do quarto. Corri para o banheiro e fiquei ali dentro um tempo. Imediatamente mandei um e-mail para a TAP dizendo o que tinha acabado de acontecer. Fiquei muito atordoada”, afirma.

Ela pediu para alterar o voo e denunciou caso. A brasileira conta que pediu para ir em um voo mais tarde que o programado para evitar rever o mesmo homem e, ao chegar em Lisboa, prestou uma queixa online. A queixa é uma comunicação formal apresentada às autoridades de Portugal sobre irregularidades ou crimes.

“Estava em um lugar novo e com dificuldade de falar o idioma na França. Fiquei apavorada e só sentia vontade de sair dali. Quando cheguei em Lisboa, tentei reportar novamente o que tinha acontecido, mas era muita burocracia com a TAP, sempre me repassavam para outro canal. No final das contas, estava tão cansada e desestabilizada que quando mandei mensagem para uma advogada brasileira, que conseguiu me acalmar e acolher, decidi que seguiria o caso no Brasil. A racionalidade foi a primeira coisa que perdi no momento. Só queria achar uma cama segura para dormir e chorar”, diz a passageira.

Advogada de passageira diz que prática foge à regra. Nathalia Magalhães, especialista em direitos do passageiro, afirmou que é a primeira vez que vê uma empresa área oferecendo quartos compartilhados entre passageiros que não se conhecem.

Tenho processos em 20 estados brasileiros e eu nunca tinha visto nada igual. Abrimos um processo contra a TAP buscando danos morais pela situação porque ela enfrentou atraso, cancelamento de voo, e a gente entende que através da lei brasileira, ao passo que a companhia alocou completamente aleatória ela no hotel, é responsabilidade deles qualquer coisa que acontecesse ali dentro. Entendemos que a companhia assume o risco quando faz isso. Não estamos imputando o que aconteceu, mas apontando o risco. Eles expuseram a cliente.Nathalia Guimarães, advogada

Companhia área tentou acordo por R$ 5 mil. Segundo advogada, a companhia área tratou o caso como um mero cancelamento de voo.

“Não deram relevância ao que foi narrado. Os advogados trataram como caso de cancelamento. A proposta foi oferecida em plataforma de negociação, nenhum advogado entrou em contato, foi tudo por meio de um sistema. Isso chateou muito. A audiência também foi feita dessa forma impessoal. Companhias áreas normalmente lidam com vários processos e muitas vezes colocam advogados para fazer a audiência que nem sempre estão a par do que é o processo”, afirma a advogada.

Decisão de tornar caso público se deu para empresa rever métodos. A brasileira diz que não tinha intenção de falar sobre o ocorrido, mas que decidiu torná-lo público para que a companhia área tenha mais atenção sobre os processos internos.

“Só queria ser ouvida, que o caso fosse investigado e que eles revisassem os processos internos, que criem um canal de denúncia para alguém que esteja em situação vulnerável consiga ser escutado, porque eu não tive retorno. Me senti completamente envergonhada, ingênua, porque não enxerguei maldade na situação. Senti culpa. Na audiência com a TAP imaginei que o advogado leria um caso desses, todo documentado, mas percebi que isso não aconteceu. Fiquei muito chateada, me senti duplamente desrespeitada. Não quero ser rosto de luta, só quero que nem eu e nem outras mulheres passem por isso”, diz a passageira.

O QUE DIZ A TAP

Normas não preveem compartilhamento de quartos. Em nota, a empresa afirmou que “não é prática da empresa a alocação de passageiros desconhecidos em um mesmo quarto, salvo nos casos em que estejam sob a mesma reserva, viajando juntos ou tenham expressamente manifestado interesse e disponibilidade para tal arranjo”.

Empresa deve restituir passageiro em caso de indisponibilidade de acomodações. A empresa ainda afirmou que, quando não for possível acomodar passageiros em hotéis previamente definidos pela companhia, disso, “a TAP assegura que quaisquer custos que o passageiro venha a assumir para providenciar sua própria hospedagem serão devidamente restituídos, desde que comprovados e formalmente requeridos.”

Sobre o caso, TAP diz que aguarda investigação local. “Quanto aos fatos ocorridos durante a estadia em Paris, informamos que qualquer medida por parte da TAP está condicionada à conclusão da averiguação e investigação pelas autoridades locais competentes. O contato estabelecido pela Companhia com a passageira, bem como a proposta apresentada, refere-se exclusivamente às questões de natureza cível decorrentes do cancelamento do voo TP439, objeto da ação judicial em trâmite no Brasil. Ressaltamos que a referida ação não contempla a apuração de eventuais crimes ocorridos em território internacional, cuja competência é exclusiva das autoridades locais”, finaliza nota.

O acidente ocorreu na Victoria Street, no centro de Londres, e provocou vários feridos, incluindo o motorista do ônibus e pedestres que foram atropelados; o acidente já está sendo investigado pelas autoridades

Notícias ao Minuto | 08:15 – 04/09/2025

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