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Xi propõe nova governança global em cúpula com Putin e Modi

TAIWAN, CHINA (FOLHAPRESS) – Ao final da cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX), nesta segunda (1º) em Tianjin, o líder chinês, Xi Jinping, propôs o que chamou de Iniciativa de Governança Global “a todos os países”, visando “promover a construção de um sistema mais justo e racional”.

Segundo ele, isso é necessário porque, 80 anos após o fim da Segunda Guerra e a fundação da ONU, “novas ameaças e desafios estão crescendo”. O mundo teria entrado num “novo período de turbulência e transformação, e a governança global atingiu nova encruzilhada”.

Ele propõe “igualdade soberana” entre os países, com participação de todos nas decisões globais; respeito à lei internacional, citando a Carta da ONU; praticar o multilateralismo, mantendo a autoridade da ONU; advogar abordagens centradas nas pessoas; e se concentrar em ações.

Em relação à OCX, defendeu que seja “uma força de estabilização num mundo turbulento”, prosseguindo na abertura e na cooperação econômica em setores como energia e inteligência artificial.

Em discurso anterior, pela manhã, já havia detalhado que a organização asiática de segurança deve priorizar a partir de agora a integração econômica e defender a ordem multipolar “com a OMC [Organização Mundial do Comércio] em seu centro”.

Xi, que está no comando da OCX neste ano, confirmou a intenção de criar seu banco de desenvolvimento, visando “fornecer apoio mais sólido à cooperação econômica e de segurança entre os países-membros”. Prometeu ampliar investimentos e empréstimos.

Destacou que a OCX precisa “alinhar melhor as estratégias de desenvolvimento” e impulsionar a implementação da Iniciativa Cinturão e Rota, o programa chinês de investimento em infraestrutura. Para tanto, os países-membros devem explorar os “pontos fortes de seus mercados de grande porte” e intensificar a complementaridade econômica, incluindo ações para melhorar a facilitação do comércio e do investimento.

O líder chinês defendeu “pragmatismo e eficiência” na gestão da OCX, propondo uma reforma da entidade para “fortalecer recursos e capacitação”. O objetivo seria deixar os “mecanismos organizacionais mais perfeitos, a tomada de decisões mais científica e as ações mais eficientes”.

Como parte desse esforço, além do banco, anunciou medidas para fortalecer sua estrutura de segurança. Dois órgãos-chave serão lançados “o mais breve possível”, um centro para ameaças à segurança e outro antidrogas.

Segundo Xi, a OCX se tornou “a maior entidade regional do mundo”, com 26 países participantes, atuação em mais de 50 áreas de cooperação e uma economia agregada de “quase US$ 30 trilhões”. Números que, segundo ele, demonstram potencial para impactar a estabilidade e o crescimento global.

O presidente chinês também ressaltou que a entidade “estabeleceu o modelo para um novo tipo de relações internacionais”, ao se opor “inequivocamente à interferência externa” em assuntos dos países-membros.

A reunião deste ano da OCX, na cidade portuária de Tianjin, próxima a Pequim, foi marcada pela integração maior da Índia à organização, como alternativa aos Estados Unidos, que determinaram tarifas de 50% contra produtos indianos às vésperas do evento.

Além do primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, e do presidente Vladimir Putin, da Rússia, a cúpula reuniu líderes de países da Ásia Central, como o Cazaquistão, e até de outras regiões, como Egito e Belarus.

Criada em 2001 por China, Rússia e outros países com foco na segurança da Ásia Central, a OCX não se apresenta como contrária aos EUA, mas Xi mencionou que o grupo “se opõe à mentalidade de Guerra Fria e às práticas de intimidação”, em referências indiretas ao governo americano.

Washington chegou a solicitar filiação ao grupo em 2005, mas ela não foi aceita.

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